Brasão de armas da paróquia

A CRUZ

A cruz da Ordem Militar de Santiago lembra e honra o padroeiro da paróquia, o apóstolo S. Tiago, titular dessa ordem militar, a quem é atribuída a fundação da igreja matriz de Santiago, no século XIII. Esta cruz em ouro (amarelo) ocupa o lugar do tradicional elmo e coroa da heráldica, sendo esta diferença o sinal de Cristo Vitorioso e Rei da Glória, que nos socorre no combate que Ele próprio já venceu e nos coroa com esse mesmo Sinal, pois, como afirma São Paulo, "longe de mim gloriar-me a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Gal 6, 14).


O ESCUDO

O escudo, debruado a ouro, é esquartelado em quatro peças unidas ao centro por uma cruz grega em tom gules (vermelho - cor que assinala o sangue dos apóstolos e mártires da fé cristã de todos os tempos) com três pétalas em cada um de seus braços, simbolizando a Santíssima Trindade e exprimindo a convergência das diferentes figuras do escudo e de toda a vida da comunidade cristã em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Quartel superior direito

O quartel superior direito (da vista do observador) em azur (azul), cor tipicamente atribuída à Virgem Santíssima, apresenta o monograma de Nossa Senhora em argento (branco), em sinal do santíssimo nome de Maria, Aquela que gerou nas suas entranhas puríssimas o Salvador do mundo e que gera continuamente Cristo em toda a comunidade cristã, sendo a doce Mãe de todos os cristãos e soberana Senhora desta paróquia, já que ela é a "Rainha do Céu e da Terra, a cujo império é submetido tudo o que está abaixo de Deus" (Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria, S. Luiz Maria Grignion de Montfort) e é invocada desde os primórdios da criação da comunidade cristã em Almada como Senhora da Assunção, em ligação ao que depois se explica sobre o quartel inferior esquerdo.

Quartel inferior direito

O quartel inferior direito em argento exibe a figura do Agnus Dei (Cordeiro de Deus) portando o estandarte da Cruz que alternam entre o ouro e o argento, representando Nosso Senhor Jesus Cristo, vítima perfeita oferecida sobre o altar da cruz ao Pai em expiação dos nossos pecados e dos pecados de todo o mundo e continuamente oferecida em sacrifício de forma incruenta sobre o altar da Eucaristia até ao fim dos tempos. Esta iconográfica figura, similar à existente no trono do altar-mor da igreja matriz, baseia-se na expressão de São João Batista, padroeiro da cidade de Almada, ao ver passar Jesus, tendo exclamando "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29). Esta mesma expressão é empregue há muitos séculos na Santa Missa quando o sacerdote se vira para o povo para ostentar o Corpo do Senhor oferecido em sacrifício, que será depois recebido reverentemente em comunhão e lembra a forte piedade eucarística multisecular comprovadamente existente na paróquia.

Quartel superior esquerdo

A peça do quartel superior esquerdo em argento contém a concha de vieira em ouro, tradicionalmente associada aos caminhos para a Catedral de S. Tiago de Compostela, onde se encontra o túmulo do apóstolo, para que, enquanto evangelizador da Hispânia, padroeiro da paróquia e titular de Igreja Matriz, S. Tiago seja exemplo e intercessor ao longo da caminhada da comunidade em direção ao céu, onde ele já se encontra.

Quartel inferior esquerdo

Já o afirmavam os cristãos dos primeiros séculos, os Santos Padres, as diversas escolas teológicas aos longo dos muitos séculos da Igreja, a própria devoção popular, e assim o afirmamos hoje de forma segura e definitiva, desde que o Papa Pio XII declarou infalivelmente na constituição apostólica Munificentissimus Deus que "a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial" (nr. 44). Também o primeiro rei de Portugal mandava dedicar diversas igrejas a Nossa Senhora nas terras reconquistadas aos mouros, tendo como predileta a invocação de Senhora da Assunção. Foi também com esta invocação, na igreja de Santa Maria do Castelo de Almada (a mais antiga Igreja de que há registo no território da paróquia), que a Virgem Santíssima foi invocada pelo povo de Almada, durante vários séculos até ao terramoto de 1755. Foi também com essa invocação de Nossa Senhora da Assunção que foi dedicada a atual igreja paroquial. Por isso, no quartel inferior esquerdo (em azur, à semelhança do inverso) figura uma coroa de doze estrelas em argento como sinal da visão do Apocalipse de São João - "um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas" (Ap 12,1) -, atribuída à Santa Mãe de Deus que, em atenção aos méritos de seu divino Filho, é coroada rainha da terra e dos céus, dos homens e dos anjos.

A DIVISA

Em geral, na heráldica das paróquias, no lugar do lema inscreve-se o nome do respetivo padroeiro. Assim, aparece num listel em argento debruado interiormente a ouro e exteriormente a sable (preto) o nome do apóstolo "S. Tiago", padroeiro daquela que é, em sua honra, paróquia de S. Tiago de Almada.